quarta-feira, 21 de abril de 2010

Crônicas futebolísticas

Pacaembu - 1942


Na visão de Nelson Rodrigues o estádio, os jogadores e a multidão não passam de um grande cenário, um pano de fundo para o que realmente representa, uma partida de futebol: “A metáfora da batalha vital de paixões e tragédias que movem a existência humana”. O futebol não era concebido em termos técnicos, táticos e esportivos. Nelson usava o esporte para falar da sociedade e de seus costumes. Através de suas crônicas tocou na psique do povo, falou das emoções humanas. “O juiz ladrão revolve, no time prejudicado e respectiva torcida, esse fundo de crueldade, de insânia, de ódio que existe, adormecido, no mais íntegro dos seres”. Ódio, amor, desejo e vontade. A natureza humana era representada pelo juiz, a torcida, o jogador e é claro, a bola.

Em campos potiguares, um que ainda joga com as palavras para falar de futebol, sociedade e vice-versa, é o jornalista Rubens Lemos Filho. Numa de suas crônicas Rubens fala do time de futebol como único bem inalienável que o homem possui. “Há os que se separam, os que trocam de carro, os que vendem ou alugam seus imóveis. Há, em escala ascendente, os que negociam a alma. O seu time, jamais, será objeto de permuta, sentimental, material ou imobiliária”. De acordo com o jornalista, o futebol é um dos elementos mais importantes na construção do imaginário popular do que significa ser brasileiro. O referido é verdade e dou fé.

Um comentário:

  1. Mas eu só tenho time durante a Copa.rs (porque escolhi outras formas de entretenimento), mas é inegável que o futebol seja, na verdade, muito além do que um simples jogo. E o que seria do ser humano sem a paixão? Abraço

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