domingo, 1 de março de 2009

SEM PALAVRAS...




Fotos: Filipe Mamede

"Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma", dizia Fernando Pessoa. E, se ainda é difícil perceber as aparições, pelo menos que se tente perceber as palavras, ora, pois. Uma boa dica para tal intento é o Museu da Língua, na Estação da Luz, um lugar com capacidade de levar as pessoas a outras paragens literalmente, seja física ou culturalmente falando. Ao entrar no Museu, o visitante já se depara com uma tela de 106 metros - toda a extensão da Estação da Luz - onde é retratada a riqueza e a diversidade da língua portuguesa. Uma língua em constante movimento.
A cada passo em frente ao gigantesco painel, uma nova porta se abre mostrando um recorte do que temos de mais original: a língua no cotidiano. Seja no futebol, nos carnavais, na culinária, nas relações humanas, nas festas, na natureza, nas religiões, e nas danças. Como dizia o também poeta e antropólogo baiano, Antonio Risério, “nossa matéria-prima é a palavra. A palavra como som, como sentido, como prática, como senha, como signo cultural distintivo, como argamassa cultural, como história, como objeto, como entidade mutante e mutável”.
Além da tela superlativa, as paredes do Museu contam a história da língua portuguesa, dos primórdios até hoje em dia. O choque do europeu com o índio, as imigrações, o rádio, a TV, o americanismo, chegando à internet. Outro espaço é o Beco das palavras, onde qualquer pessoa pode não só brincar com a origem das palavras, mas também observar as suas formações em raízes radicais, prefixos e sufixos. Juntando com as mãos os pedacinhos que flutuam numa mesa sensível ao toque, o jogador descobre de onde a palavra veio e por onde ela caminhou até chegar à língua portuguesa.

Mas, muito mais do que aplicar as tecnologias ao espaço expositivo por puro deleite de modernidade, o Museu da Língua Portuguesa adota tal museografia a partir de um dado muito simples: seu acervo, nosso idioma, é um “patrimônio imaterial”, logo não pode ser guardado em uma redoma de vidro e, assim, exposto ao público. Unindo lazer, tecnologia e conhecimento de forma interativa, o Museu da Língua Portuguesa corrobora, através de sua existência, com o poeta Fernando Pessoa quando demonstra que nossa pátria é a nossa língua.

3 comentários:

  1. Oi, grato pela visita ao P/P, antes de mais nada. Vejo que o seu blogue é multicultural (assim como o é o meu Balaio). Preciso vê-lo com calma, para não me perder em suas veredas informativas.

    Um abraço.

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  2. Apenas de ter o dedo da Globo, não dá pra negar: esse Museu presta um grande serviço à memória da nossa literatura.

    Eu fui em duas, na do Machado de Assis e na do Guimarães Rosa. Ambas, perfeitas e inquietantes. Espero que o projeto tenha longa vida e que a molecada possa compreender por meio do Museu a importância da nossa literatura.

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  3. Mas rapaz...
    Atravez de sua Vó, minha mãe de coração, cheguei aqui qnem bisbilhoteiro, grande surpresa, enorme afeição. Frente bem disposta pra muita informação, consistente. Essa matéria sobre Cíntia/Pipa me deixou impressionado, texto bacana, olhar calmante.
    tenho uns/outros ends:
    www.renatodemelomedeiros.nafoto.com
    www.renatodemelomedeiros.zip.net Esse bem antigo, aonde vc pode pegar os outros links.
    Grande abraço pra D´guia e Já.
    Enorme abraço pra vc.
    Mantenha contato:
    renatodemelomedeiros@gmail.com
    9953 3430 - 3331 3089

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